30 de setembro de 2010

Ataques de pichadores reacendem debate na Bienal de SP


-"Todo 'pixo' é feito de forma ilegal, todo mundo se arrisca e por isso tem respeito", disse Djan Ivson, autor da ação. "Mas a gente não tem nada a ver com esses artistas, não tem relevância nenhuma o trabalho deles. Para nós, é indiferente rabiscar a obra."
-"São códigos diferentes, na rua eles estão entre eles e o respeito é mútuo ali", diz Dos Anjos. "Mas é essa diferença de regras que a gente está testando nessa Bienal, a gente assume o conflito."
-"Manifestações extremas desse tipo carregam a cor social do que está ocorrendo, a gente não está num país certinho", afirma. "Quem se alça a outros espaços é visto como um cara que diverge da comunidade, que saiu da turma, é uma briga de classes."
-"Não faço arte para ganhar dinheiro", diz Kboco. "Já comprei briga com a elite."
-"Não é possível fazer uma generalização, nem acho que isso tem a ver com a origem dele", afirma Ramos. "A classe alta também pode atacar."
-Cildo Meireles, outro artista da Bienal, defendeu a atitude dos curadores, mas criticou os ataques. "Não compreenderam o espírito da coisa", diz o artista. "Isso é uma raiva mal resolvida, um ato de desespero que não podemos confundir com arte."
-....Lenora de Barros no Maria Antonia....Mas no caso da Bienal, ela diz não ver "nenhuma intenção artística".
-"Eles vivem da transgressão", diz. "Mas ao mesmo tempo a situação acaba gerando figuras isoladas, que não respondem pelo grupo."
-"Não acho que foi vacilo a Bienal ter chamado pichadores", opina a artista Adriana Varejão. "Mas a Bienal está virando uma plataforma de heróis da pichação, algo meio marqueiteiro. Estão querendo virar celebridade." O que é curioso é esse contraste entre um discurso do passado que se faz presente na voz dos pichadores (o discurso de transgressão e o da luta de classes) e o discurso da arte atual (o discurso da inscrição e da “mediatização”das classes (classe média+midia). Esses discursos não conseguem transpor a barreira do choque imediato pois não conseguem incomodar nem o que seria uma transgressão a um sistema que tudo engloba e nem uma inscrição numa obra que nada incorpora (pois tem conceitos múltiplos e efêmeros)...A luta de classes fica sendo sempre vencer “um inimigo que está em toda parte mas também em lugar nenhum”e a mediatização acaba colocando “todos como amigos em comum e desconhecidos intimos falando diálogos em torre de babel levando sempre para um acordo comum em respeitar as diferenças desde de que cada um fique no seu quintal"...

2 comentários:

  1. Caro colega, você já pensou que uma manifestação que existe emTODOS os paises,em várias classes sociais, entre homens e mulheres pode ter várias faces e não existe por acaso? está certo, um edificio pode modificar a paissagem pública, “apagar” o céu em concreto cinza, podem boloquear com muros espaços que já foram livres e você já pensou que pode achar normal porque faz parte da cultura imposta da propriedade. os pixos em certas categorias, porque há várias, tb é uma forma de protesto (ao meu ver legítima) por fazer repensar o “belo” e o “publico x privado”

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  2. Quero levantar várias discussões, mais até que ponto podemos levar em consideração está intervenção as vezes não realizada de um forma natural? mais quero isso mesmo respeito sua opinião.

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